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Como a Tecnologia Vai Mudar a sua Vida - Relações entre as Pessoas que Utilizam os Serviços e Aquele

A conscientização do paciente dos dias de hoje é uma nova relação no sistema de saúde importante na evolução do cuidado médico. É a capacidade de o paciente monitorar sua saúde e acessar informações relacionadas a sua condição. Assim, ao engajar o paciente em seu próprio cuidado, todo o sistema de saúde sai ganhando.


Conforme pesquisa lançada em 2012 pelo Pew Research Center de Washington DC, 72% dos usuários de internet buscaram informações sobre saúde na web. Além disso, outra pesquisa, do Mediabistro de New York, revelou que a mídia social como Facebook, LinkedIn e Twitter é um meio influente para informação relacionada à saúde e 40% dos consumidores afirmaram que a informação encontrada através da mídia social afeta a maneira como eles lidam com a sua saúde, citando apoio emocional e gratificação instantânea como duas razões para aderir às comunicações sociais de saúde.


A SOBRAMH entrevistou o Dr. Cristiano Englert, médico anestesiologista da SANE. MBA em Gestão de Saúde pela FGV. Empreendedor em tecnologia e saúde. Co-fundador da GrowPlus - primeira Venture Builder do Brasil - Acompanhe abaixo:


SOBRAMH: Como o novo paciente atua no cuidado à saúde própria?


Englert - Há dois aspectos no novo paciente: eles estão mais conectados com a tecnologia, já monitorizam seus exames e acessam o Google para procurar sintomas e diagnósticos. No aspecto internacional: existem dispositivos -wearables- que ainda não são uma total realidade no mercado brasileiro, mas muito difundidos internacionalmente, para monitorar sinais vitais, como por exemplo, frequência cardíaca e pressão arterial, de uma maneira mais fácil.


Então, o conceito do paciente que não tem nenhum dado próprio seu está mudando, o paciente está começando a ter mais confiança da sua saúde e mais posse dos seus dados, através do prontuário médico, sinais vitais, controle glicêmico, assim, começa a mudar a relação com o sistema de saúde, e o paciente passa a ter mais conscientização em relação ao seu tratamento. Começa uma relação maior de paridade. Uma relação recente no sistema de saúde brasileiro, que já vem acontecendo há mais tempo nos Estados Unidos. Então, a sociedade como um todo, busca um melhor acesso a saúde e qualidade de atendimento. Nesse contexto, vemos clínicas de baixo custo, ganharem espaço nos últimos dois anos no país, oferecendo alta qualidade de serviços médicos.


SOBRAMH: Como o médico deve lidar e se preparar com esse novo perfil de paciente?


Englert - O médico tem que estar consciente de que as relações estão mudando, e estar preparado a receber o paciente com consciência de parceria. No passado, o médico mantinha-se em uma postura de orientação top/down (de cima para baixo), prescrevendo medicamentos e orientações ao paciente, porém a situação de igualdade, hoje, é muito mais presente, e as discussões médico-paciente se tornam cada vez mais importantes,em que o paciente esteja envolvido em todos os passos de sua saúde, dividindo, assim,tratamento e orientação. É uma relação melhor, uma vez que engaja o paciente e o traz aseu próprio cuidado, resultando em melhores resultados no tratamento e evolução da condição.


SOBRAMH: O que muda no paciente do século passado para o atual? Qual é o futuro do médico/da medicina nessa nova realidade?


Englert - O futuro do médico é cada vez mais aliado às tecnologias e ao grande número de informações de seus pacientes por dispositivos móveis, tornando, assim, o paciente mais engajado em seu tratamento. É um novo paradigma em que o médico tem que estar adepto às mudanças e, portanto, mais inserido nesse ambiente, cujo o paciente e o sistema de saúde tornam-se mais conectados. Já o paciente mais engajado com as opções de seu estado de saúde, pode conhecer melhor o médico e a sua doença através do maior acesso às informações e do maior controle dos dados de sua condição. Então, o médico é, ainda mais, um aliado desse paciente mais exigente e com maior acesso às informações, e ambos devem beneficiar-se dessa nova realidade, buscando um serviço com experiência amplificada de ponta a ponta do sistema.


Além disso, o novo paciente exige, além do envolvimento em seu cuidado, da conexão com o médico, uma medicina mais humanizada por isso, apesar de toda a tecnologia, o médico não pode abdicar de uma relação mais próxima com o paciente. O paciente, mais que nunca, espera um atendimento otimizado não apenas com uma melhor técnica e tecnologia, mas também com uma melhor qualidade do atendimento à saúde. Nesse contexto, novas tecnologias inserem-se em um estilo de vida mais saudável, em todo o contexto da saúde. O paciente, antes, procurava atendimento médico no último instante, de maneira corretiva/terapêutica, porém, hoje, essa procura é precoce, de forma preventiva e multidisciplinar, o paciente procura diversos profissionais da saúde, visando o cuidado de sua dieta, atividade física e sinais vitais em uma corrida, por exemplo. Vivemos um atendimento de vários eixos, em que o paciente participa antecipadamente de sua condição de saúde.


Com isso, a exigência atual e, cada vez mais, no futuro, é de uma maior conexão e centralização do sistema de saúde, contra os vários profissionais desconectados de hoje, através de prontuários disponíveis e registros móveis a fim de uma melhor comunicação e atendimento ao paciente.


SOBRAMH: Como o gestor hospitalar pode investir para proporcionar um atendimento mais adequado ao paciente informatizado?


Englert - Os hospitais já estão desenvolvendo modelos de tratamentos e procedimentos focados na prevenção, envolvendo o paciente e trazendo ele a todo o contexto de saúde através de orientações gerais, de acompanhamento nutricional e de check-up até tratamentos avançados, de forma esclarecida e conectada. Atualmente, acabamos prejudicados pelo modelo descentralizado em que vivemos, uma vez que as informações ficam disponíveis individualmente em cada instituição, seja na clínica, no consultório, no hospital ou na academia, assim, esses dados não se comunicam e não se acrescentam.


Portanto, o gestor deve expandir sua gestão à inovação, à centralização da saúde, ao invés de ser o centro de doença. Além disso, parcerias com convênios e planos de saúde devem ser alinhadas para o benefício real do paciente. Dessa forma, a tecnologia e a acessibilidade vêm para agregar ao sistema. No livro ‘The Patient Will See You Now’, EricTopol escreve a mudança de paradigma tanto do paciente quanto do médico, alinhada com o novo médico, ciente das mudanças por novas técnicas, maior monitorização e melhor contexto.



Bibliografia:

-http://www.pewinternet.org/2013/02/14/the-demographics-of-social-media-users-2012/

-http://hitconsultant.net/2014/06/25/rise-of-the-epatient-movement/



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